Por incrível que pareça, depois que tomei consciência do mundo como ele é, passei a observar como as pessoas cuidam da própria casa. Não sei ao certo o motivo psíquico que me levou a isso, porém basicamente o meu raciocínio é: a casa é o reflexo da saúde mental das pessoas.
Eu sei que isso não é algo que saímos contando para todo mundo, mas me sinto confortável em compartilhar com você, do quanto meu cérebro pode ser estranho em determinados momentos. Quero deixar claro que eu não sou a pessoa inconveniente que sai dando pitaco na vida das pessoas - juro. Na verdade, eu não gosto de falar - disse ela, falando. O meu negócio é observar.
Sempre que faço uma visita, entro muda e saio calada. Dependendo do tempo da visita, ir ao banheiro é inevitável. Com isso, acabo observando as toalhas penduradas no banheiro.
Recentemente, visitei a casa dos meus pais. Como sempre, olhei para a toalha estendida no banheiro e pensei “isso aqui é ruim demais”. Como já tenho intimidade com os moradores do local (afinal, são meus pais), me senti no direito de falar:
⁃ mãe, vou comprar um jogo novo de toalhas para você. As suas não estão boas. O jogo pode ser branco?
Nisso, minha mãe respondeu:
⁃ filha, as toalhas estão boas, não precisa comprar. Se quiser me dar um presente eu aceito um jogo de lençol.
Fiquei indignada.
⁃ Como assim as toalhas estão boas, mãe? Esse negócio está todo áspero. Olha aqui, as minhas toalhas são macias! É toalha desse jeito que você e o pai merecem ter!
Peguei uma toalha que estava na minha mala (sim, fui visitar meus pais com uma mala) e mostrei para minha mãe. Vi os olhos dela brilharem com a maciez.
Coloquei as toalhas lado a lado para observar (a minha e a dela) e, para minha surpresa, as toalhas eram da mesma marca. Eram muito semelhantes. Pensei “essa toalha da minha mãe deve estar muito velha, não é possível”.
Pois bem. No dia seguinte minha mãe colocou a minha toalha (aquela que eu levei da minha casa) na máquina de lavar. Em seguida, estendeu no varal e falou “filha, quando for tomar banho pegue a toalha no varal”. Eu só disse “ok”.
Por volta das 20:30 fui pegar a tal toalha no varal. Fiquei incrédula. A toalha estava seca. Péssima. Áspera. Gritei:
⁃ maaaaae do céu, a sua toalha não é ruim! É só o jeito que ela é lavada! Olha só como a minha toalha ficou.
A minha mãe dava risada. Ela já sabia (óbvio, mãe sempre sabe de tudo).
Na minha casa, usamos máquina lava & seca. As toalhas entram sujas e saem secas da máquina, como num passe de mágica. Claro que eu já tinha percebido que as toalhas ficam “fofinhas” quando secadas na secadora. Contudo, mais do que fofinhas, elas ficam com cara de nova.
No fim, essa história não é sobre toalha.
As toalhas da minha mãe não eram velhas.
Elas só não eram lavadas e secadas da melhor maneira PARA ELAS.
Na minha casa, elas recebiam o que precisavam: zero amaciante, pouco sabão e secadora.
Na casa da minha mãe, elas recebiam: muito sabão, amaciante e muito sol.
Agora, se essa história não é sobre toalhas, é sobre o quê?
⁃ É sobre ambiente.
Você pode ser uma Toalha de Banho Twill, importada de Portugal, feita em 100% Algodão Egípcio Giza 70, um algodão de fibra extra longa considerado o melhor algodão do mundo (cultivado nas margens do Nilo, este algodão é colhido à mão, penteado e torcido para criar um fio de qualidade excepcional), com medida generosa, extremamente macia e leve, com 500g/m² de gramatura, e design texturizado que proporciona uma absorção superior com preço de R$1.295,00. Porém, se você estiver na casa errada, talvez você não passe de uma toalha comprada na Havan (com todo respeito ao Velho da Havan, diga-se de passagem).
[Sim, essa toalha que citei existe e você encontra na Trousseau]
Agora, pense: você está usando todo o seu potencial no ambiente em que está inserida? Você consegue mostrar ao mundo o quão boa você é?
Se a resposta é não, talvez seja hora de procurar outra casa.
Outro trabalho.
Outro relacionamento.
No fim, você pode ser muito preciosa. Contudo, no lugar errado, você não passa de um item barato e sem valor.
Com amor,
Lai.